segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A outra mudança no futebol feminino

A Seleção Brasileira foi derrotada pela Alemanha na final da Copa do Mundo de futebol feminino por 2x0. Não vi o jogo, portanto não comentarei sobre a partida em si. Farei algumas indagações sobre a cobertura jornalística do evento.

Quis saber como havia sido a final, mas vi apenas os melhores momentos e os mesmos comentários: essas meninas estão de parabéns, as dificuldades são imensas, precisamos de apoio, temos que levantar a cabeça.

Está tudo correto, mas quero ouvir a crônica do jogo. Eu já sei de todas as dificuldades estruturais do futebol feminino. Não ouvi um comentário, por exemplo, de como a Marta foi marcada. Segundo a técnica alemã, a idéia era deixar a camisa dez sempre na lateral do campo, longe da área. Deu certo.

Ninguém comentou a falha da goleira Andréa. Ela poderia ter defendido com o pé aquela bola. Mais parece que tratamos as mulheres de um jeito diferente e passamos a mão na cabeça. Elas são iguais a nós homens. Infelizmente, a Andréa falhou, mas não podemos omitir o fato. Temos que frisar que tudo começou com uma saída de bola errada.

Um terceiro fator a ser apontado é a escolha de melhor da competição e a revolta de Prinz. Já que todos compararam essa decisão com a Copa de 2002, temos que lembrar que naquela ocasião Oliver Kahn foi eleito o melhor jogador. Justamente o goleiro que falhou. Criticamos demais a decisão da Fifa. E agora que Marta perdeu o pênalti? Marta merece o troféu, talvez Kahn merecesse também. Temos que reconhecer o critério adotado pela entidade máxima do futebol, que tem privilegiado a derrotada com a conquista, mostrando que no esporte não é apenas a vitória que interessa.

E por último o “oba-oba” feito em cima das meninas. Juca Kfouri escreveu uma matéria horrível sobre Marta. Não parou de elogiá-la. Encheu a bola demais. Fez comparação com Pelé. Essas coisas interferem. Pelo visto não aprendemos com todo o “endeusamento” aos craques de 2006.

O que critico é o modo como estamos tratando o futebol feminino. Queremos dar o devido valor a modalidade, mas não tratamos do jeito correto. Não apontamos as qualidades das outras atletas. Esquecemos de Kátia Cilene, Maicon e Pretinha, que já defendem a “amarelinha” desde os tempos de Sissi. É só Marta, um pouquinho de Cristiane e o amadorismo do esporte no Brasil.

Acho que chegou a hora dessa outra mudança!

Um comentário:

Filipe Araújo disse...

cara....se vc ñ viu o jogo, perdeu o discurso quase insuportável do Luciano do Vale...

todas as dificuldades do futebol feminino nós sabemos mesmo! concordo plenamente. Agora, não podemos deixar d dizer o seguinte: A seleção não tem um jogada sequer. Todas as jogadoras querem resolver sozinhas.

são talentosas, mas não mereciam a conquista do mundial.

abrazo!