terça-feira, 27 de janeiro de 2009

“Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo”

Reproduzo aqui um texto de Marcelo Gomes, editor de programas especiais da ESPN Brasil, publicado também no blog de Alberto Murray Neto. Em seguida, a opinião do blogueiro.

Uma candidatura passada a limpo
Na ESPN Brasil, Dia 07/02/2.009, às 22 horas.


UM NOVO E REVELADOR “BRASIL OLÍMPICO”

POR MARCELO GOMES
Editor de programas especiais / ESPN


O "Brasil Olímpico, uma prestação de contas à sociedade", documentário vencedor do Prêmio Embratel de melhor reportagem esportiva em 2008, agora ganha uma nova edição.

É o "Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo", que irá ao ar no dia 7 de fevereiro, sábado, às 10 da noite.

O novo documentário produzido pelo departamento de jornalismo da ESPN Brasil terá duração de duas horas com dezessete matérias especiais.

São mais de cinquenta entrevistados debatendo os assuntos mais polêmicos do esporte olímpico brasileiro. Atletas, medalhistas olímpicos, dirigentes, deputados federais, senadores, técnicos, gestores esportivos, pesquisadores, professores de educação física e até o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, discutem os rumos do alto rendimento no país.

"Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo" nada mais é do que o lado obscuro, que não estará no dossiê final de candidatura dos Jogos do Rio de 2016, que será entregue pelo Governo Federal e o COB ao Comitê Olímpico Internacional no dia 12 de fevereiro.

No novo documentário da ESPN Brasil você vai se surpreender com as histórias de bastidores contadas pelas famílias de César Cielo e Ketleyn Quadros. Ele o primeiro medahista dourado da história da natação brasileira e ela a primeira medalhista olímpica, individual, do Brasil.

Você vai conhecer as histórias de dois boxeadores brasileiros que, por muito pouco, não colocaram no peito duas medalhas olímpicas que não vem há quarenta anos. Washington Silva entrou no ringue em Pequim com uma grave lesão nos ligamentos do joelho, já Paulinho Carvalho, que também fechou a participação como o quinto melhor boxeador do mundo, tem na carteira profissional o registro de faxineiro.

O que mudou na vida destes atletas depois dos Jogos?


Você vai ficar de cabelo em pé, com as declarações desses lutadores.

Os debates passam também pela formação do professor de educação física no Brasil, a falta de espaços nas escola, a falta de uma política nacional de esportes.

Aí você pergunta: "Como podemos pensar em Olimpíada no Brasil se não temos um plano nacional de desenvolvimento esportivo?

As respostas você irá encontrar nas reportagens feitas em todas as arenas e parques esportivos construídos para os Jogos do Rio. Nessa investida descobrimos histórias absurdas de falta de planejamento e má aplicação de dinheiro público nos Jogos. Você vai conhecer o único local, de todos que foram feitos para o Pan, onde se pratica esporte.

Falamos também com a equipe técnica do Tribunal de Contas da União, órgão fiscaliazdor do governo que apresenta revelações bombásticas.

Outras pautas que serão abordadas no programa:

O drama de quem comprou gato por lebre. Os pesadelos daqueles que adquiriram apartamentos na Vila do Pan.

A reeleição programada de Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. E o desabafo do presidente da Confederação Brasileira de Badminton, que votou contra a reeeleição.

As audiências públicas no Senado e os rumos das leis que regem o esporte no país. Aliás, foi em uma dessas audiências públicas que Nuzman também entrou para a história como o primeiro cidadão a abandonar uma convocação do Senado.

A CPI mista que o Congresso vem mobilizando para investigar os rumos do dinheiro público no esporte.

Lei de Incentivo ao Esporte. "Só os grandes têm vez". A entrevista com a repórter do Correio Braziliense revela a força dos grandes, só dos grandes.

O descaso com o Maria Lenk. A reportagem de Bruno Lousada, do jornal "O Estado de São Paulo", mostra que o complexo aquático não poderá receber provas de natação, caso o Rio conquiste o direito de sediar os Jogos de 2016.

O estádio João Havelange foi uma boa? Para o ex-prefeito César Maia que presenteou o Botafogo sim, mas para a população que mora nos arredores do estádio mais moderno do país...

Brasil 2016, vale a pena? Nossos entrevistados mostram os prós e contras de uma candidatura bilionária.

São muitas questões e muitas discussões num programa que promete abalar as estruturas do esporte olímpico brasileiro.

Imperdível. Um documento para gravar, refletir e cobrar das autoridades um novo rumo para milhares de atletas que lutam para, quem sabe um dia, viver do esporte.

"Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo" é o lado nebuloso do esporte, que francamente, não gostaríamos, mas temos o compromisso de apresentar.

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Opinião do blog:

Mais uma vez, a ESPN Brasil sai na frente e exibe um outro lado do esporte brasileiro. É louvável a postura da emissora, que sempre coloca a independência editorial em primeiro lugar. Ponto para Trajano e cia, ponto para o jornalismo.

Agora, alguns pontos deste "release" merecem ser comentados.

Gomes ressalta o trabalho da equipe de jornalismo da ESPN, que realizou mais de 50 entrevistas e discutiu mais (muito mais!) de 10 assuntos. Será que é possível esmiuçar todos estes assuntos em apenas 2 horas de programa? Vila do Pan, utilização dos complexos esportivos do Rio-2007, TCU, situação dos boxeadores...e por aí vai. É muita coisa para discutirmos em apenas duas horas. Quando os temas forem introduzidos, acabou o documentário.

Um segundo ponto envolve a máxima dos "dois pesos e duas medidas". Seria burrice de minha parte defender COB, Governo Federal, Ministério do Esporte e TCU, porém, temos que saber reconhecer o que fizeram de bom (pouca coisa!) e saber onde criticá-los. Darei dois exemplos:

1) O Bolsa-Atleta foi uma boa medida. Não sou eu que digo isso, são os próprios atletas (veja entrevista do atirador Stênio Yamamoto a este blog).

2) Quando construído, o Maria Lenk atendia às exigências do COI para receber os esportes aquáticos nos Jogos Olímpicos. Porém, devido ao interesse do público na modalidade - principalmente, a natação - e à imensidão/modernidade do Cubo D'Água, o parque aquático brasileiro deixou de ser opção para competições olímpicas.

Que fique claro. Aprecio (e muito) a iniciativa do canal. Só que o fato de apreciarmos algo não nos impede de fazer algumas ressalvas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Há quanto tempo o Carlos Arthur Nuzman está à frente do COB? Quem é pior para o esporte: ele o o Teixeira?