Entrevista com Stênio Yamamoto - Parte 1
Stênio Akira Yamamoto, 47, é formado em odontologia. Tem seu próprio consultório e atende de segunda a sábado.
Durante as folgas - terça e domingo de manhã -, se dedica a uma outra atividade: o tiro esportivo.
A paixão pelo esporte surgiu aos 11 anos, quando o pai decidiu levá-lo para acompanhar algumas competições.
Aprendeu a atirar na adolescência, mas em nenhum momento pensou em seguir carreira como atirador. Aquilo era apenas uma diversão.
Porém, passadas quase três décadas do primeiro contato com uma arma, Stênio soube por um amigo que o tiro poderia levá-lo a disputar torneios internacionais e até uma Olimpíada. A idéia lhe agradou e ele rapidamente iniciou os treinos.
A experiência quando garoto ajudou e, em um ano, já estava entre os dez melhores do ranking brasileiro na pistola de 10m.
Hoje, com nove anos de carreira, já disputou dois Pan-Americanos (Santo Domingo-2003 e Rio de Janeiro-2007), foi vice-campeão da etapa de Munique da Copa do Mundo (2007) e disputou os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), sendo o atleta mais velho da delegação brasileira.
Tive a oportunidade de entrevistá-lo em seu consultório e reproduzo aqui a primeira metade do bate-papo (a segunda será publicada no dia 2/11/2008):
O primeiro contato com o tiro esportivo
Meu pai gostava muito de atirar com arma de chumbinho. Mas somente em competição. Ele competia e eu só olhava. Aos 11 anos, a Gazeta Esportiva patrocinou um evento de tiro e fui acompanhar. Ia em algumas competições, mas não gostava de ir sempre, pois elas aconteciam no domingo de manhã.
Desperdício de munição
Meu pai foi treinar com uma carabina, fiquei impressionado com aquela arma de fogo e comecei a atirar. Daí um outro atirador chegou para mim e disse: "não dá pra atirar assim, você está jogando munição fora. Vamos fazer uma competição entre você e tal garoto. Daí pensei: "Pô, é verdade, vou começar a treinar pra acertar, não só pra fazer buraco no alvo." Devia ter uns treze anos.
A pistola e o dia de folga
Sempre tinha uma pistola de ar em casa. Meu pai sempre deixava para mim. Sempre tinha uma nova. Ele comprava uma, ia trocando. Um dia, decidi ir brincar de tiro. Fui em um clube na Vila Maria. Comecei a atirar lá. Quando terminei a especialização (em odontologia), pensei: "não vou voltar a trabalhar de terça. Vou deixar a terça livre."
Quando o tiro virou coisa séria
Na Vila Maria, um amigo me falou: "você sabia que se ficar entre os dez melhores do Brasil, você vai poder representar o Brasil lá fora?". Pensei: "pô, que legal. Vou treinar." Isso em 1999. Em 2000, já estava na equipe de cima. Mas isso graças à experiência anterior.
Família
No começo, tive uma conversa com minha esposa. Disse a ela: "estou me dedicando, mas vai ser complicado abrir mão de tudo para ser atirador. Se não der até tal período, eu paro".
Bernardinho
Gosto muito de uma coisa que ele diz: "o atleta tem que gostar primeiro é de treinar. Depois, na competição, você vai fazer somente o que você fez no treino."
Bolsa-Atleta
É o melhor programa de incentivo ao esporte. É um dinheiro que chega diretamente ao atleta. É diferente dos incentivos fiscais. Os incentivos fiscais acabam indo para federações e eles só revertem para os atletas em passagem, em hospedagem. Este ano, com o Bolsa-Atleta, pude pagar o colégio das minhas filhas (Stênio recebe R$1.500 mensais com o programa).
Segundo lugar na etapa de Munique da Copa do Mundo (2007)
Pegou todos de surpresa, até eu. Nunca tinha feito esse resultado, só em um simulador em casa. Entrei relaxado e decidido a fazer o treino que faço em casa. Fui desligado de tudo. Nem olhava onde os tiros estavam pegando (normalmente, os atiradores olham seus resultados). No fim da prova, pensei: "acho que fui bem." Quando fui ver, estava em segundo. Daí, meu amigo, o João Costa, me avisou: "dos oito que vão à final, todos já tem vaga em Pequim pela cota (cota dos continentes). Só você não tem. Você já tá em Pequim." Daí pensei: "agora, vou brincar." E segurei o segundo lugar em Munique.
Durante as folgas - terça e domingo de manhã -, se dedica a uma outra atividade: o tiro esportivo.
A paixão pelo esporte surgiu aos 11 anos, quando o pai decidiu levá-lo para acompanhar algumas competições.
Aprendeu a atirar na adolescência, mas em nenhum momento pensou em seguir carreira como atirador. Aquilo era apenas uma diversão.
Porém, passadas quase três décadas do primeiro contato com uma arma, Stênio soube por um amigo que o tiro poderia levá-lo a disputar torneios internacionais e até uma Olimpíada. A idéia lhe agradou e ele rapidamente iniciou os treinos.
A experiência quando garoto ajudou e, em um ano, já estava entre os dez melhores do ranking brasileiro na pistola de 10m.
Hoje, com nove anos de carreira, já disputou dois Pan-Americanos (Santo Domingo-2003 e Rio de Janeiro-2007), foi vice-campeão da etapa de Munique da Copa do Mundo (2007) e disputou os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), sendo o atleta mais velho da delegação brasileira.
Tive a oportunidade de entrevistá-lo em seu consultório e reproduzo aqui a primeira metade do bate-papo (a segunda será publicada no dia 2/11/2008):
O primeiro contato com o tiro esportivo
Meu pai gostava muito de atirar com arma de chumbinho. Mas somente em competição. Ele competia e eu só olhava. Aos 11 anos, a Gazeta Esportiva patrocinou um evento de tiro e fui acompanhar. Ia em algumas competições, mas não gostava de ir sempre, pois elas aconteciam no domingo de manhã.
Desperdício de munição
Meu pai foi treinar com uma carabina, fiquei impressionado com aquela arma de fogo e comecei a atirar. Daí um outro atirador chegou para mim e disse: "não dá pra atirar assim, você está jogando munição fora. Vamos fazer uma competição entre você e tal garoto. Daí pensei: "Pô, é verdade, vou começar a treinar pra acertar, não só pra fazer buraco no alvo." Devia ter uns treze anos.
A pistola e o dia de folga
Sempre tinha uma pistola de ar em casa. Meu pai sempre deixava para mim. Sempre tinha uma nova. Ele comprava uma, ia trocando. Um dia, decidi ir brincar de tiro. Fui em um clube na Vila Maria. Comecei a atirar lá. Quando terminei a especialização (em odontologia), pensei: "não vou voltar a trabalhar de terça. Vou deixar a terça livre."
Quando o tiro virou coisa séria
Na Vila Maria, um amigo me falou: "você sabia que se ficar entre os dez melhores do Brasil, você vai poder representar o Brasil lá fora?". Pensei: "pô, que legal. Vou treinar." Isso em 1999. Em 2000, já estava na equipe de cima. Mas isso graças à experiência anterior.
Família
No começo, tive uma conversa com minha esposa. Disse a ela: "estou me dedicando, mas vai ser complicado abrir mão de tudo para ser atirador. Se não der até tal período, eu paro".
Bernardinho
Gosto muito de uma coisa que ele diz: "o atleta tem que gostar primeiro é de treinar. Depois, na competição, você vai fazer somente o que você fez no treino."
Bolsa-Atleta
É o melhor programa de incentivo ao esporte. É um dinheiro que chega diretamente ao atleta. É diferente dos incentivos fiscais. Os incentivos fiscais acabam indo para federações e eles só revertem para os atletas em passagem, em hospedagem. Este ano, com o Bolsa-Atleta, pude pagar o colégio das minhas filhas (Stênio recebe R$1.500 mensais com o programa).
Segundo lugar na etapa de Munique da Copa do Mundo (2007)
Pegou todos de surpresa, até eu. Nunca tinha feito esse resultado, só em um simulador em casa. Entrei relaxado e decidido a fazer o treino que faço em casa. Fui desligado de tudo. Nem olhava onde os tiros estavam pegando (normalmente, os atiradores olham seus resultados). No fim da prova, pensei: "acho que fui bem." Quando fui ver, estava em segundo. Daí, meu amigo, o João Costa, me avisou: "dos oito que vão à final, todos já tem vaga em Pequim pela cota (cota dos continentes). Só você não tem. Você já tá em Pequim." Daí pensei: "agora, vou brincar." E segurei o segundo lugar em Munique.
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