segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Entrevista com André Rizek

Na semana passada, "vazou" a informação de que a Editora Abril estaria criando um diário esportivo gratuito, o Jornal Placar.

A notícia pegou todos de surpresa, do leitor mais relapso ao editor-chefe da nova publicação (que não esperava que o segredo fosse revelado).

Coube ao BLOG DO MASSI ouvir o "comandante" do projeto, o também comentarista do Sportv e repórter especial de Placar, André Rizek.

Na entrevista, realizada por e-mail, Rizek conta os detalhes do projeto e promete: "Quero ser cobrado por furos de reportagem".


BLOG DO MASSI - Como e quando surgiu a idéia de se criar o Jornal Placar?


André Rizek - Surgiu nesse ano. A direção da Abril estudava como “falar” com gente que hoje não compra a revista, mas se interessa por esportes. Por outro lado, a redação, já há algum tempo, sente que tem o que falar todos os dias. E já vinha estudando alguns projetos nesse sentido. Até que, diante do sucesso que hoje são os jornais gratuitos em São Paulo (e no mundo...), veio a conexão: vamos entrar nessa! Será distribuído em parceria com o Destak nas ruas de São Paulo.


BM - Quais são os principais objetivos do jornal?

AR - Aumentar o alcance da marca Placar, com um jornal que terá a linguagem e a credibilidade que marcam a revista desde 1970. E também trazer anunciantes, parceiros, que hoje não estão na revista.

BM - Geralmente, um jornal gratuito visa atrair um público diferente, especialmente o das classes C e D. Esta também é a proposta do Jornal Placar?

AR - Bom, na verdade o Metro e o Destak buscam o que se chama de público A e B, em função dos anunciantes. É assim também pelo mundo. Não será um jornal, em tese, de linguagem popular. Vai ter a mesma linha editorial da Placar; será um jornal bem escrito, bem-humorado, com credibilidade e que não precisa fabricar factóides ou ser sensacionalista para vender. Afinal, ele não será vendido... Além da linguagem, a revista tem esse público A e B também por causa do preço, R$ 9,99. O jornal, por ser gratuito, vai buscar um público que não vai até a banca comprar um jornal de esportes. Mas que, recebendo na rua, vai ler. A distribuição privilegia os públicos A e B e a linguagem seja a mesma da revista -- mas na prática a gente, jornalista, sempre sonha em ser lido por todo mundo. É um jornal de esportes. Todos os públicos se interessam por esportes, principalmente se for feito com qualidade.

BM - Comenta-se que o jornal terá, em média, 16 páginas. Como oferecer então um conteúdo diferenciado em um espaço tão reduzido?

AR - Não temos a intenção de ter a cobertura mais completa. Mas dá para informar muito bem em 16 páginas, principalmente para quem não tempo de ler um "jornalão", mas quer saber o que de mais relevante aconteceu na véspera, com uma boa análise de quem entende do assunto, com uma paginação agradável. Não teremos reportagens sobre o gosto musical do lateral-esquerdo do Palmeiras. Mas o leitor vai saber o que de mais relevante está acontecendo com o clube dele. Não vamos abrir duas páginas, por exemplo, para dizer que o Corinthians se interessa em trazer um volante do futebol europeu, ou um atacante que ganha fortunas na Ásia, sabendo que esse jogador tem chances mínimas de ser contratado. Como temos pouco espaço, vamos publicar apenas o que realmente interessa, para quem não tem muito tempo a perder, mas quer estar bem informado. E, sobretudo, busca uma boa análise. O espaço menor, no projeto do jornal, na verdade joga a nosso favor.

BM - Outra questão muito abordada é o duelo que será travado com o Lance!. O que o Jornal Placar trará de diferente em relação ao concorrente?

AR -Seremos menores, em número de páginas, do que o Lance!. Mas bem maiores que os cadernos de esportes dos jornais pagos. Tenho certeza de que há um leitor de esportes que não fica satisfeito com o espaço que o jornal pago dedica ao clube dele. Mas que acha “over” ter quatro páginas sobre o clube dele. Por isso, não acredito que haverá este duelo de forma tão direta. Vamos, isso sim, trazer um novo público para o mercado dos Diários Esportivos. O jornal não tem a pretensão de, por exemplo, abordar os temas com a mesma profundidade da Placar mensal. Ou de concorrer com o Lance! no número de retrancas diárias sobre os clubes brasileiros. Nosso mercado é outro. Mas tem uma coisa. Bom jornalismo se faz com bons jornalistas. Não vamos nos contentar com as informações que todo mundo tem. Queremos coisas exclusivas e quero ser cobrado por furos de reportagem. E para isso não tem segredo: é montar uma boa equipe, coisa que já estamos fazendo.

BM - Por fim, há uma queixa muito grande dos leitores quanto à qualidade das últimas edições da Revista Placar. O que mudará na mensal a partir de agora, com o surgimento do jornal?

AR - Queixa muito grande dos leitores? Não sabia disso... Você tem alguma pesquisa com você que a gente não tenha? Brincadeira... Olha, não é este o sinal do atendimento ao leitor, que é nosso maior termômetro. Os números de venda da revista esse ano estão num patamar acima das previsões feitas no começo do ano. Placar aumentou suas vendas em 2008 mesmo sem investir dinheiro em publicidade, o que nos leva a crer que o leitor não apenas volta para comprar, mas que a gente cresce graças ao boca-a-boca. O jornal não afeta a mensal. Será feito com recursos gerados pelo próprio jornal. E é uma forma de aumentar, de maneira mais significativa, o alcance da marca Placar.


PRORROGAÇÃO:

Quantos profissionais trabalharão no Jornal Placar?

Ainda não sabemos... Mas a redação já nasce maior que a da revista, pelas necessidades de um jornal diário.

Quem serão os colunistas do jornal?
Ainda estamos negociando e acertando isso.

Em que lugares serão distribuídos os exemplares?
Onde hoje está o Destak: grandes cruzamentos (de preferência os mais engarrafados...) de avenidas, alguns prédios comerciais de grande importância, calçadões do centro etc.


Duração da primeira fase do projeto: 10 de novembro a 9 de dezembro
Dias da semana: segunda a sexta-feira
Tiragem: 70 mil exemplares
Cidade: São Paulo

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Gostaria de encerrar o post com um agradecimento especial a André Rizek, que possibilitou que este blog realizasse um serviço para o público apaixonado por esportes.

Masters Series de Madrid 2008 - informações adicionais

No post sobre o torneio de Madrid, faltaram duas informações.

A primeira quanto ao nível do torneio. O último tenista que entrou direto na chave principal - sem qualyfing ou wild card - ocupa a quadragésima segunda posição no ranking da ATP.

É Carlos Moyá, que apesar de ter ganho um convite após enquete no jornal espanhol Marca, melhorou seu ranking e abriu vaga para outro espanhol, Albert Montañes.

Juan Carlos Ferrero, campeão em 2003, ficou chateado com o descaso inicial da organização e recusou o wild card antes dos espanhóis reverem a decisão.

A outra questão se refere aos tenistas brasileiros. Apenas André Sá e Marcelo Melo jogarão em Madrid.

A estréia é contra os italianos Simone Bolelli e Andreas Seppi. Se vencerem, duelarão contra a melhor dupla do mundo, os irmãos Bob e Mike Bryan.