quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Marcos Senna: uma década de Villarreal

Primeiro de setembro de 2002. Passado um mês da derrota do São Caetano na final da Libertadores para o Olímpia, do Paraguai, Marcos Senna finalmente estreava pelo novo clube, o Villarreal. Um 2 a 2 contra o Osasuna, em casa, que deixou o elenco inteiro insatisfeito. Exceto ele, é claro. Para o volante, aquela era a porta de entrada no futebol europeu, a realização de um sonho de infância.

Primeiro de setembro de 2012. No mesmo estádio El Madrigal, Marcos Senna jogava pela segunda divisão espanhola. O adversário dessa vez era o Deportivo Guadalajara, muito mais modesto que o já modesto Osasuna.

Experiências completamente distintas, que retratam bem os dez anos de Marcos Senna no Villarreal. Chegou ao clube como desconhecido. A única referência até então era o primo famoso, Marcos Assunção, que brilhava pela Roma, da Itália, e estava de malas prontas para Sevilha, onde defenderia o Real Betis.

Com muita aplicação, conquistou seu lugar no time titular e ajudou a projetar o clube, cuja primeira participação na elite espanhola havia acontecido em 1998. Bastaram três temporadas para o volante classificar a equipe para a Champions League e levá-la às semifinais (reveja o pênalti perdido por Riquelme contra o Arsenal). Em 2008, foi vice-campeão nacional e, já naturalizado espanhol, acabou convocado para disputar a Eurocopa. Sem dúvida, o ápice da carreira.

Dali em diante, uma série de contusões impediram Marcos Senna de repetir as grandes atuações. A seleção começou a ficar distante, e o Villarreal cada vez mais longe do topo da tabela do Campeonato Espanhol. Na última temporada, ainda viu a equipe ser rebaixada.

Sem a condição financeira de antes, o clube chamou Marcos Senna para renovar o contrato com bases salariais inferiores. O volante, que recebeu outras propostas (uma delas do Corinthians), decidiu permanecer: "Os torcedores diziam que eu devia continuar e me animaram a ficar", comentou à agência EFE. Como resposta a este carinho, Senna ainda disse: "Quero devolver a equipe à elite".

A deixa perfeita para a maior homenagem que o atleta de 36 anos poderia receber na carreira. O portão 19 do El Madrigal, um dos acessos do estádio aos torcedores, foi rebatizado com seu nome: "Às vezes, passo ali e ainda não acredito que seja o meu portão."

Crédito: site oficial do Villarreal
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Na última segunda-feira, Bruno, que forma a dupla de volantes do Villarreal com Marcos Senna, anunciou sua renovação de contrato com a equipe por mais oito temporadas. Com isso, ele fica no clube até, pelo menos, 2020.