domingo, 2 de junho de 2013

O novo Maracanã

Não estive no Maracanã. Acompanhei o jogo pela televisão e todas as notícias em nossos veículos de comunicação. Por isso, não tenho como opinar sobre a beleza do estádio e as diferenças em relação ao velho Maraca.


Mas o que mais me chamou a atenção no noticiário foi a falta de cuidado com os deficientes. Em agosto do ano passado, o MP já havia alertado o governo carioca que a reforma do estádio não estava respeitando o número mínimo de lugares para pessoas com deficiência.

Ao que tudo indica, o problema foi resolvido. No entanto, no jogo deste domingo entre Brasil e Inglaterra, os que mais reclamaram das condições do novo estádio foram os deficientes.

Para começar, eles foram os únicos que precisaram comparecer duas vezes ao estádio no domingo. Primeiro, às 8h da manhã, para retirar os ingressos. Depois, na hora do jogo. Ao chegarem ao Maracanã, não tinham espaço reservado para estacionarem seus carros. Segundo a polícia, o estádio não oferece este serviço.

Devido à grande procura por ingressos, a empresa responsável pelo evento ainda exigiu que todos portassem um laudo médico que comprovasse a deficiência. Outros documentos de identificação, que já registram a necessidade especial da pessoa, foram ignorados.

As filas estavam grandes e muitos não conseguiam retirar seus ingressos. A alegação era que não havia mais entradas para o setor. Problema que, misteriosamente, foi contornado assim que a imprensa registrou as cenas.

Com todos devidamente atendidos, veio o jogo. Na hora de descobrir o portão de entrada correto, nem todos os voluntários sabiam informar o caminho. Anda pra cá, anda pra lá e finalmente encontram. Mas quando tudo parecia resolvido...

O local destinado aos deficientes era o anel superior, mas os elevadores não estavam funcionando. Subiram pelas rampas. Resultado: dentre todos os torcedores presentes, ninguém teve que andar tanto para chegar ao seu lugar do que o deficiente.

Enquanto isso, pela televisão, foi possível ver um mar azul e amarelo em setor central. Eram cadeiras vazias no melhor lugar para se assistir o jogo. Espaço que deveria ter sido preenchido por convidados e patrocinadores. Ou não.

O conceito da palavra evento-teste foi modificado no Brasil. Em vez de tentarmos reproduzir o que vai acontecer na Copa do Mundo, mascaramos os atrasos nas obras para inaugurarmos o estádio rapidamente e relevamos qualquer falha por conta disso.

Os nossos discursos, que deveriam ser críticos, se transformam diante da beleza do novo Maracanã. E quem cobra, acaba cobrado.

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