segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A realidade do projeto Palestra Arena

A Sociedade Esportiva Palmeiras anunciou nesta última semana a construção de uma arena multiuso no local em que hoje existe o Parque Antarctica. No projeto, estarão envolvidas a AAA (Amsterdam Arena Advisory) e a WTorre Engenharia.

A primeira será responsável pelo gerenciamento e funcionamento do espaço. Organizará eventos esportivos, shows e outros tipos de espetáculo. Se seguir o modelo adotado no estádio do Ajax, também disponibilizará a arena para eventos empresariais, congressos e workshops.

Já a segunda se preocupará somente com a construção da Palestra Arena.

O projeto está orçado em R$ 250 milhões, segundo o site oficial do clube paulista. E quanto ele investirá? Nada.

Bom, se pensarmos assim, não resta dúvida: é um negócio maravilhoso! Agora, se nos aprofundarmos um pouco no acordo, veremos que a situação não é bem essa. Existe o outro lado. E é compreensível que exista, pois não é possível que duas empresas desse porte se unam em tal empreitada e não queiram retorno financeiro.

Portanto, a partir deste momento, tentarei explicar o que está previsto no contrato.

A WTorre propôs a diretoria do Palmeiras uma negociação no modelo “Built to Suit”, ou simplesmente, empreendimento imobiliário desenvolvido sob medida para locação. Isto significa que o clube usufruirá de uma arena personalizada, construída conforme suas necessidades arquitetônicas, sem que necessite imobilizar recursos próprios em sua aquisição.

Agora, atenha-se a continuação da definição, que está disponível no site da WTorre:

“Dessa forma, a empreendedora adquire o terreno, o projeta e constrói imóveis conforme especificações definidas pelo cliente, que passará, então, a pagar aluguéis pelo seu uso, em contratos de longa duração (neste caso específico, 30 anos)”.

Não sei se ficou claro, mas está subentendido que o Palmeiras VENDEU o Parque Antarctica.

Quando a arena estiver pronta, o clube destinará 15% da renda de cada partida aos investidores. Em qualquer outro tipo de evento, não ganhará nada.

O acordo é muito semelhante ao feito por São Paulo e Corinthians, quando o último aluga o Morumbi. Solicita-se a utilização do Cícero Pompeu de Toledo em determinada data e a resposta é de que terão que repassar 15% da arrecadação.

Pensando que a capacidade da Arena Palestra será de 42 mil espectadores, superior ao que comporta o Parque Antarctica atualmente, é provável que haja um aumento do faturamento do alviverde com o estádio, mas ele não deve ser significativo, já que a administração da arena caberá a AAA.

Os torcedores, por sua vez, finalmente terão conforto, assento marcado e diversos outros serviços. Contudo, o ingresso ficará mais caro. A expectativa é de que ele aumente, pelo menos, 100%. Em números, a arquibancada que hoje custa R$ 15, terá um preço mínimo de R$ 30.

A conclusão das obras está prevista para o final de 2009.

Geralmente, em parcerias como esta, um eventual rompimento de contrato pelo usuário (no caso, o Palmeiras) deverá acarretar em pagamento de multa no mesmo valor em que o acordo foi fechado, ou seja, R$ 250 milhões. Tal cláusula garante as obrigações assumidas e evita o prejuízo do investidor.

Espero que no mesmo contrato o Palmeiras tenha imposto a seguinte condição: a WTorre e a AAA garantem a utilização, em perfeitas condições, de todas as partidas realizadas pela Sociedade Esportiva Palmeiras durante o prazo acordado (30 anos). Seria muito amadorismo por parte dos dirigentes. Prefiro não acreditar nesta hipótese.

Mas, se eles aceitaram negociar seu próprio terreno, devemos considerá-la.

4 comentários:

Anônimo disse...

Questão burpcráticas a parte (se houver algum escandalo não me surpreenderá em nada, pois se trata de futebol brasileiro), eu acho que o torcedor sempre merece mais conforto.

Eu tenho uma duvida: Se houver alguma confusão, com torcidas organizadas por exemplo, resultando num quebra quebra total, quem arcará com as despesas, o Palmeiras ou a empresa investidora?

Um abraço.

Zêro Blue disse...

Não posso me declarar como um entendido nesses casos, mas como torcedor creio que o NEGÓCIO FOI PÉSSIMO para o Palmeiras.
Acho que não deveriam ter assinado tal contrato.
Será que ainda há tempo para reverter?????
Sds. Celestes

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Anônimo disse...

Essa história de construção de estádio na minha opinião é um pouco complicado, mesmo sendo uma reforma. Temos muitos casos que ainda nem sairam do papel, caso da arena do flamengo que está em pauta desde a eleição para presidente. Vamos esperar e torcer para que não haja nenhum escandalo. vlw abs

www.newsfut.wordpress.com

Alexandre Massi disse...

Resposta a wilson hebert:

Quem arcará com as despesas é a empresa investidora!