História da Penske na Fórmula 1
Por Valério Paiva*
Considerada a principal equipe do automobilismo norte-americano, tanto em estrutura quanto em riqueza de histórias, a Penske é logo associada as 500 Milhas de Indianápolis, prova no qual a equipe de Roger Penske possui 14 vitórias.
Atualmente, além da Indy Racing League (IRL), a Penske disputa a American Le Mans Series, como equipe oficial da Porsche, e as duas principais divisões da Nascar. Também compete, eventualmente, em provas de longa duração de outras categorias, como as 24 Horas de Daytona e Le Mans.
Mas uma parte da história pouco lembrada é a passagem pela Formula 1 na década de 1970.
Resgatando esse assunto, a história da Penske começa no final da década de 1950. Roger Penske participa, como piloto, de provas do Sports Car Club of América. Chega a disputar algumas etapas da Nascar. Abandona a carreira poucos anos depois para se dedicar a negócios, como empresário na área automotiva. Investe na estruturação da Penske Racing, em parceria com Mark Donohue. Obtém vitórias nas categorias Trans Am, usando o sedan Camaro Chevrolet e na Can-Am, comprando carros fabricados por Bruce McLaren, como os modelos McLaren M6 e M8B. Também usa modelos McLaren na sua estréia em provas da USAC/Indy.
A Penske começou na Fórmula 1 em 1971, disputando as duas provas da América do Norte, em Mosport Park, Canadá, e em Watkins Glen, Estados Unidos. Utiliza chassis McLaren de Indy adaptados para o regulamento da FIA de então. No Canadá, Mark Donohue conseguiu um supreendente terceiro lugar, na frente dos pilotos principais da McLaren. Na etapa norte-americana, Donohue chegou a ser inscrito, contando com o cancelamento da etapa da USAC (então Fórmula Indy). Mas o cancelamento não ocorreu e ele acabou substituido por David Hobbs, campeão da Fórmula 5000 do mesmo ano.
Após a experiência, a Penske só voltou a se inscrever para as mesmas provas no final de 1974, já usando a primeira versão de seu próprio chassi, o PC1, pilotado por Mark Donohue. Este ajudou a montar o carro junto ao projetista Geoff Ferris, que havia trabalhado anteriormente nos March 711, 721 e 721X, entre 1970 e 1974. O chefe dos mecânicos foi o alemão Karl Kleinhofer, e o ex-piloto suíço Heinz Hofer foi o chefe da equipe.
Montada a fábrica na Inglaterra, em Poole (que existe até hoje), a Penske se inscreveu para a sua primeira temporada completa em 1975, com apenas um carro e usando motor Ford V8. A equipe obteve dois pontos, terminando em décimo segundo no Mundial de Construtores. Nas últimas corridas, abandonou o PC1 e comprou um chassi March 751. A equipe ficou marcada pela morte de Mark Donohue no GP da Aústria. O seu substituto foi o norte-irlandês John Watson, que estava na Surtees. Em 1976, a equipe usou o chassi PC3 nas primeiras seis etapas, tendo um resultado pífio e terminando apenas três corridas. A partir do GP da Suíça, foi inscrito o chassi PC4, com o qual conseguiu varios pódios e a única vitória de sua história, com John Watson no GP da Aústria, em Österreichring. Ironicamente, era a mesma pista em que, um ano antes, havia morrido Mark Donohue. No GP da Holanda, em Zandvoort, o chassi PC3, usado no começo da temporada, foi alugado ao piloto holandês Boy Hayje como equipe F&S Properties.
Na mesma temporada, uma tragédia abala a escuderia. O chefe de equipe e sócio da Penske na F1, morre após acidente de trânsito na Grâ Bretanha. Mesmo com a evolução do carro, que terminou em quinto lugar no Mundial de Construtores, com vinte pontos, Roger Penske decide encerrar as atividades na Fórmula 1 por questões financeiras. O principal patrocinador, o Citibank, anuciava que deixaria de apoiar a escuderia.
O passo seguinte foi desenvolver, em 1977, o chassi PC5 na Usac/Indycar, como uma evolução do projeto de Fórmula 1.
Os chassis PC4 foram vendidos para a escuderia alemã ATS poder ingressar na Fórmula 1, correndo sete etapas na Europa em 1977. Os pilotos foram Jean-Pierre Jarier e Hans Binder. Ambos não se destacaram. Nos GPs do Canadá e Estados Unidos, no final da temporada, a ATS estava envolvida no desenvolvimento de seu próprio carro e não participou das provas, vendendo os mesmos chassis para a equipe da Can-Am e Usac/Indycar Interscope Racing, que disputou as provas com seu piloto Danny Ongais (Rookie of the Year de Indianápolis naquele ano), conquistando um sétimo lugar em Mosport, resultado superior a todos os GPs da ATS.
Geoff Ferris e Roger Penske ainda estiveram envolvidos em mais um projeto na Fórmula 1: o Rebaque HR100, da infame Escuderia Rebaque. Construído por encomenda na fábrica de Poole, foi a pista apenas três vezes. Na realidade, o monoposto era um híbrido entre o projeto do PC4 e o PC6, usado na Indycar. Voltou a trabalhar com Roger Penske no desenvolvimento dos chassis Penske para a Cart/Fórmula Indy, sendo vitorioso nas 500 Milhas de Indianápolis com o PC9, em 1981, e o PC10, em 1983.
Simultaneamente a disputa da Fórmula 1, a equipe de Roger Penske disputou a Can-Am, a Nascar e a USAC/Indy. Abandonou a Nascar no final da década de 1970 para voltar em meados dos anos 90. E, com a criação da Cart depois da divisão do campeonato da Usac, passou a se dedicar exclusivamente a esse campeonato. A Penske acabou voltando a Fórmula 1 indiretamente nos anos 90, fabricando componentes para a Jaguar. Durante o processo de escolha da Prodrive como 12º escuderia da Formula 1 em 2008, a Penske chegou a ser cogitada como uma das inscritas na licitação da FIA.
Em 2008, a Penske irá disputar a IRL com o brasileiro Hélio Castroneves e o australiano Ryan Briscoe. A AMLS contará com Sasha Maasen, Patrick Long, Emmanuel Collard, Romain Dumas e Timo Bernhard, guiando o protótipo Porsche RS Spyder. Na Nascar, Kurt Busch, Ryan Newman e Sam Hornish Jr guiarão as "bolhas" Dodger, mas com chassis de fabricação própria.
*Valério Paiva é jornalista especializado em automobilismo, cursou Letras na Universidade de São Paulo e é estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica, também de São Paulo.
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